Sobreviver a um pós feriado no inicio da semana não é fácil, tudo parece estar em lentidão permanente, mas cá estou. Por aqui nessas bandas do sul dias típicos de outono, o que reforça a vontade de ficar mais tempo na companhia da cama.
Ando vivenciando experiências surreais com minha nova atividade de trabalho, e tenho repensado vários conceitos que já julgava definitivos. Difícil conviver com as dores humanas, com misérias materiais e emocionais.
Quando resolvi ser psicóloga, fantasiei muitas coisas, mas a vida surpreende e descobri que tinha mesmo era o dom de trabalhar com as realidades mais reais dessa sociedade hipócrita. Trabalho com pessoas em vulnerabilidade social, mas o que tenho presenciado é a miséria nua e crua.
Surpreendo-me todos os dias com a capacidade humana de sobreviver, sem dignidade de moradia, moral e emocional.
Sou brasileira, reconheço a imensidão do meu país, de suas riquezas naturais, porém é frustrante constatar que somos um país de minorias, onde poucos possuem muito e muitos possuem o quase nada.
Sou contra o assistencialismo, pois esse leva ao comodismo, sou contra essas "zilhões" de bolsas que o governo criou para tapar o sol com a peneira, sou a favor do controle da natalidade, sou a favor do se comprometer com mudanças eficazes e politicas de saúde pública, sou contra os desvios do dinheiro público que deveria estar sendo investido em educação e saúde.
Enfim, sou brasileira, mas envergonho-me em ver brasileiros como eu, vivendo na mais triste das condições humanas. Estou fazendo minha parte, porém volto todos dias para casa frustrada por não ter o poder de modificar o que precisa ser modificado.
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